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21.7.14

não sei o que vai ser

quando escrevo um texto
não sei bem
onde poderá chegar
até mesmo se alguém vai ler

por vezes me passa:
onde estará esse leitor?
o que busca ao ler este texto?
de que modo o interpretará?
o que essa leitura pode gerar?

parece que isso não tem muito mistério
geralmente um escreve, outro lê
e nenhum deles se importa com isso

o que existe
entre o texto e quem o escreve
e o que se configura
entre o texto e quem lê

tem mais coisas
que não são somente
palavras ou pessoas
coisas sem nome, que nos rodeiam
fazendo gerar outras
do que estas pareciam ser

18.9.13

sentidos rizomáticos

após publicar um texto
o sentido dele não está mais somente no autor,
mas na interpretação que cada leitor fizer dele..

o facebook é onde se fala para todos
e, ao mesmo tempo, para ninguém,
mas o grande intuito é falar para si mesmo

a rede se configura um espaço rizomático
de trocas e possibilidades,
criações e interações que proprocionam
outras formas de relações

quando o leitor lê o autor
ele lê a si mesmo

6.12.12

rimas raras ... aranhas

rimas raras ... raras rimas ... aranhas

me canso de rimas
que parecem
como versos de sempre

aquela coisa
de arte enlatada, conservada
com o pó da história
refletindo
a tal cultura
que se diz erudita

aquela coisa
que pensa
ser superior ao ser

tão repetitiva,
morna e
cansativa

quero sentir
outros ares
ver novas cores..
sentar sorrisos
em bancos de praças abertas
sem cerimônias nem alvejantes

vivendo a vida que fala
e que pela escrita
não estaciona
mas vai além

16.6.11

arte e corpo

encaro a criação de arte como um processo resultante da relação entre o corpo-subjetivo e o corpo-instrumento, sentindo e experimentando livremente, dispensando intermédios teóricos, estéticos ou conceituais..

os modelos previamente estabelecidos interrompem com a espontaneidade e a identidade subjetiva individual, transformando a arte em meio de produção alienado (não-nosso) nos distancia de nossa criação, sendo o resultado algo alheio..

não acho que a composição artística seja somente uma questão de apreciação egoísta, mas algo imerso em valores, onde cada paradigma utilizado representa conceitos a ele agregados, que lhe afetam e o tornam um dispositivo afetante..
toda arte exerce uma ação no ouvinte que não é somente de agrado, há sensações e ideologias imersas a produção e reprodução..

cada artista utiliza de prerrogativas de composição, resultantes de vivências subjetivas e da relação do interno com o externo.. dessas vivências agregam-se valores e conceitos, podendo se reproduzir em musica, escrita, filosofia, pintura, ou qualquer outra manifestação humana..

neste sentido, arte e música se faz com corpo todo, sendo puro reflexo do corpo.. essa arte que incentiva a liberdade não é arte para massas, mas para pequenos grupos de pessoas, para os que se identificarem com a energia e a vibração dela..

para a liberdade de criação, execução e escuta.. contrária a ideologia de mercado ou padrões, pode parecer absurdo, mas estamos desacostumados..

5.11.10

como se faz arte?

a resposta a pergunta de 'como se faz arte?' pode ser relacionada a de 'como se faz a vida?', são perguntas que não se tem respostas prontas, pois são feitas por pessoas - com ideias, sentimentos, conceitos e valores, que estão constantemente em mutação..

não há que se tentar estabelecer um padrão ou uma norma, cada um é livre para criar seus modos de arte e de vida. se tentar padronizar como a arte é ou 'deve' ser feita, é o mesmo que normatizar como se deve viver, ser e agir.

e é isso o que o mercado quer: provocar uma colonização cultural para servirmos a uma força alheia, sem que tenhamos consciência de sua ação sobre nós. qualquer ideia de padronização ou normatização, está contra a possibilidade de ser livre, ou como queira..

5.4.10

por uma arte e vida livre

padrões, conceitos e valores de vida alheios
foram adestrados e condicionados em nosso dia-a-dia
a estrutura cidade nos habitou e nos conduziu
de repente, nem sabemos quem somos ao olharmos no espelho
vemos rostos e manchas, seres fragmentados..

somos uma mistura de povos que tenta reproduzir padrões culturais enlatados, não-nossos, pois fomos todos colonizados, toda nossa cultura valores..
os modos de vida, as escolas, a arte, a arquitetura, a filosofia, as leis, a religião.. tudo chegou pronto e foi apresentado como correto, único, verdadeiro e bom..
e fomos fracos, concordamos e aceitamos sem críticas ou questionamentos..
toda nossa condição artística, cultural, intelectual e material
foi negada para alocar uma reprodução dos valores europeus e estadunidenses
fomos e continuamos sendo explorados..

os pequenos grupos de pseudo-intelectuais
estão preocupados com o que acontece e o que é produzido fora daqui
seja em arte, em filosofia, em tecnologia, moda ou estilos vida
poucos ou nenhum deles se importam com as carências e necessidades de nossa terra,
de onde nascemos e vivemos, mesmo sendo descendentes, miscigenados e multiétnicos..
assinam nossa sentença de primitivos culturalmente,
nos inferiorizando como incapacitados de criar valores e estética
e o que é criado de cultura de onde vivemos não é valorizado onde vivemos..
no passado não percebemos como esses mecanismos interferiram nas relações cotidianas,
mas hoje estamos começando a entender as histórias e os fatos

já é hora de lançar mão desses moldes de como deve ser feita a arte e a vida
e fazê-las ao nosso modo, criar nossos conceitos e valores próprios
deixar de fazer essa arte para exportação, alienada e submissa
começar a olhar para nós mesmos, para fazer a nossa arte
o que estamos sendo, pois não somos nada pronto


a criação artística é livre, sua linguagem e sua estética
não deve se submeter a nenhum tipo de ordem ou regra
ela se faz para ao povo que a cria e não para interesses de mercado

1.10.09

entre o ser e o outro

não nos relacionamos com os outros de forma direta, mas por camadas de interseções e interpretações, passando por barreiras que muitas vezes alteram nossa configuração, nossa intenção e direção..


temos, no mínimo, três barreiras ao se relacionar com o outro: as próprias, as do ambiente e as do outro..

SER ) REPRESENTAÇÃO ) ESPAÇO / TRANSMISSÃO ( INTERPRETAÇÃO ( OUTRO

..as relações vão se sucedendo por meio de imagens e referenciais de coisas, que nem sempre é o que se sente ou o que se pretende, mas o que se representa sobre o que se quer, como isso é transmitido e interpretado pelo outro

como há multi-elementos que compõem as coisas, elas não iniciam ou terminam de uma hora pra outra, mas se estabelecem por diferentes níveis de aproximação e distanciamento, acontecendo nas relações de dentro pra fora, de fora pra dentro e de dentro pra dentro..

19.6.09

diálogos e leituras

prefiro outras maneiras de ser e se relacionar,
as faço por conta própria e as coloco em palavras e no ar..
todos somos egoístas, não adianta muito dizer sim ou nao..
nao sou como eles e nao gosto de fingir..
me importo com os poucos, próximos..
pois são poucos os que se aproximam
em ideias, sentimentos e pontos de vista..

revoluções silenciosas
que para quem as percebe tem valor..
sem a intenção dos grandes profetas,
não há muito que dizer, se alguém quiser fazer algo que faça por conta própria,
quem quiser mudar que mude, viver que viva..
há muitas possibilidades em todos os cantos...

o que mais vale na leitura
é que traga benefícios pra quem lê..
seja quais forem, nem que seja pra passar o tempo
...
algumas leituras e papos resumem múltiplas experiências
e necessitam de seu momento para vivencia-las..
assim continuamos andando, seja para qual lado for..

1.5.09

sentindo segundos e terceiros

por uns trinta segundos fecho meus olhos e depois abro.
respiro, sinto, observo meu redor, sinto-me vivo, presente.
toco em meu rosto, sinto os dedos, sinto a pele, sinto meu rosto.
escuto minha respiração, sinto minhas veias, meu pulmão

tudo está acontecendo a todo momento
e ninguem está falando nada para mim,
todos estão falando sozinhos, sempre para si mesmos,
e querem que eu os ouça.
eu sei que não sou como eles e não preciso fingir,
o que me faz bem não é o mesmo que faz outros bem
eu não sei sobre tudo e talvez nem exista "tudo"
(palavras são somente referenciais de coisas e fatos,
de coisas que são e de coisas que não são,
de coisas minhas e coisas suas)

pessoas e professores costumam dizer o que é certo,
o que deve ser feito e o que faz bem,
mas eles mesmos não o fazem ou nem sabem o que seja realmente.
gostam de tentar manter o controle e para isso usam tantas muletas..

"poetas dizem tantas palavras e muitas vezes não dizem nada,
eu estou aqui e não tenho nada a dizer, e isto é poesia" (john cage)
"convicções são mais inimigas da verdade que mentiras" (nietzsche)
"a verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo" (merleau-ponty)
"se não sabe escutar, não sabe falar" (heráclito de éfeso)

para conhecer, há que se questione o que se pensa
e vivenciar a experiência,
a relação coloca em diálogo comigo mesmo, a abertura é o caminho
..conflitos e frustrações geram possibilidades e potencialidades

fecho meus olhos por uns trinta segundos e depois abro.
respiro, sinto, observo meu redor, sinto-me vivo, presente.
toco em meu rosto, sinto os dedos, sinto a pele, sinto meu rosto.
escuto minha respiração, sinto minhas veias, meu pulmão,
só que agora a alguns dedos mais próximos de mim mesmo.

16.10.08

clube da luta

trabalhar, consumir, dormir com insônia, aos poucos percebendo que a vida não passa de uma cópia, de uma cópia, de uma cópia... um médico sugere que visite grupos de apoio para portadores de câncer de testículo.. após procurar grupos de portadores de câncer, se torna um viciado, até se deparar com Marla, e a mentira de Marla reflete sua mentira.

seu apartamento explode inesperadamente, com todas as mobílias arrumadas, os discos em seus lugares, a coleção de louça importada, ... Tyler surge com propostas de terrorismo poético, se inicia o Clube da Luta, encarando a vida como algo a ser experimentado com força, "quanto você conhece de si mesmo se nunca entrou numa briga?".. as vivências vão se entrelaçando, conduzindo um processo esquizofrênico.

trabalhamos para produzir o que não consumimos, consumimos o que não precisamos, guardamos em nossas vidas um estoque de coisas que não utilizamos e nunca estamos satisfeitos.. tudo o que o sistema precisa para funcionar são pessoas para produzir de um lado e pessoas para consumir de outro.. e o que é pior, somos nós os que produzimos e consumimos, servimos de motores para essa condição..

"você não é seu emprego ou o dinheiro que possui", "as coisas que você possui acabam te possuindo", "essa é a sua vida e está acabando a cada minuto"... “a propaganda nos faz correr atrás de coisas e a trabalhar em empregos que odiamos para comprar porcarias de que não precisamos". por que consumimos as besteiras que as propagandas nos vendem? por que nos submetemos a trabalhar em serviços que não gostamos, por tão pouco?

vamos morrer um dia e nossa vida terá sido a mesma se não mudarmos agora.. depois não teremos mais nada de nada.. "você nem quer saber onde moro, o que sinto, como alimento meus filhos ou como vou pagar o médico se ficar doente”, “fomos criados pela televisão para acreditar que um dia seríamos ricos, estrelas de cinema e do rock, mas não seremos, e estamos aos poucos aprendendo isso", Tyler Durden.

20.4.08

desexistir para ser

por vezes acho que sou meu, mas não sei
na real, acho mesmo que não tenho nada
me componho de configurações e fragmentos
das coisas que vivo

quando escolho e me decido
ainda não tenho a mim
me confundo
com as coisas, com as pessoas, com o passado,
com o futuro, as luzes e sonhos..

não sei se quero me ter
ou se quero me des-ter
acho que quando não tiver mais nada
é que poderei fazer tudo
noctívago
(Tiago Spina)

não terei mais de ser estudante, trabalhador
amigo ou professor
serei então o que for..
sem compromissos com ninguém
nem comigo mesmo
até que eu seja um bicho
pois animal foi como nascí
e o que sempre me foi negado e rejeitado
pelos espaços "humanos" que convivemos

que eu não seja mais bruno
e me torne a mim
um ser chamado
não-sou

______________
abril, 2008

7.3.08

silambuze quem quiser ler

la sistematizacion em pontuações
-silambuze quem quiser ler

as idéias estão pontuadas soltas, para voarem
o leitor cria seu sentido en su leitura...
(o ato de ler es tan inventivo quanto escribir)

a lei estabelece,
a vida acontece na prática cultural e subjetiva
tenta-se ligar teoria e prática, porem ni siempre acontece
ha muchas colonizações – todos los días
por veces se discutem tabus sem quebrar tabus
normas atrapalham vivências
o grupo se constrói por si próprio, não por fora
acontecem micro-faltas-de-respeito a diferenças enrustidas:
e o tal do direito de decidir de cada um?
enquanto isso, vou devolvendo meus sentimentos
com a mesma intensidade, porem por outras vias

percebendo a necessidade de equilíbrios:
entre momentos só e momentos coletivos
        momentos de estudo e de pausas
        momentos racionais e momentos espirituais
        momentos urbanos e momentos com a natureza
        momentos de turbulência e momentos de calmaria
        momentos humano e momentos animal
        vivencias tribais, místicas, e assim por diante...
conhecimento é fruto de experiência, e é só vivendo que vivimos
las experiencias mutam vivencias se não ficar solamiente na teoria
a saúde e a educação têm de ser exercidas em liberdade
há muito perigo nas receitas prontas de intelectualóides

estudo o outro pois ele me afeta e eu o afeto nas relações,
mas a minha causa é a mim mesmo
a importância que dou ao outro se constrói pelo sentimento que estabeleço em relação,
não é por uma idéia de altruísmo ou de solidariedade

os conflitos vão caminhando para possibilidades de caminos e potencialidades
alguns momentos sinto limitações, e percebo que desobedecer es essencial para tener salud
por vezes a 'não-participação' es participativa – hay diferentes modos de sentir
não há 'onde chegar', mas onde caminhar... vivenciando e escolhendo os nas passagens
cada um vive a sua paisagem, não somos iguais: todos os modos de subjetivação são lícitos
num certo momento todos queriam pular, lembrando-se que foder faz bem

eu crio minha justiça na relação – sou eu mesmo minha sentença, juiz e juri
não ha uma liberdade, mas ideias de liberdade
não ha uma espiritualidade, mas diferentes experiências espirituais
tudo é muito particular e subjetivo, cada estrela tem suas cores e movimentos
somos planetas, asteróides, estrelas, cometas e constelações em mutação constante

____________________________________________________________
são paulo, 14 de febrero de 2008 (revisado em 07.03.08)
mesclando atividades, movimentos e reflexões do curso e pós-curso do cesep

5.1.08

prelúdio

o que escrevo é para os de consciência livre – provavelmente estes que me compreenderão, porém dedico também aos que buscam esta consciência livre e sugiro que o façam sozinhos, por si mesmos, que tornem fortes e autores de seu caminho

a melhor companhia para a leitura do que escrevo é a de si mesmo e nada mais... não há nenhuma intenção em minha escrita de compor alguma verdade - se você estiver lendo com esta intenção já digo de cara que não é o que encontrará aqui e que não é essa minha busca, tampouco minha caminhada

sugiro a escuta do silêncio, que se permita ler além das letras e a si mesmo; que não tire conclusões precipitadas, não tenha pressa em ler. e escreva você também o que pensa, sente e quer: seja sincero contigo, não queira me agradar, pois eu também não quero te agradar

crie teu caminho no caminhar, concorde ou discorde, desobedeça seus atos mais nocivos à si mesmo, aos atos de ceder a sua vontade, de se privar, de se viver no medo e na mentira hipócrita do homos-burocráticus

“as coisas que você possui acabam te possuindo”, “você não é o que você possui”, são frases que estão no ‘clube da luta’. voe com elas para adiante e jogue fora sua calça (aquela que já cansou de usar e nunca se sente bem), largue tua moral antes que ela te denuncie, esqueça seu celular numa esquina qualquer, mostre a sua cara, sem cenas se permita a desobedecer, a agir em favor de si mesmo, mas conheça tua vontade... atente para a diferença entre fazer o que se quer fazer e fazer o que os outros querem que você faça – o que eles esperam de você, o que você espera de você?

não tente entender racionalmente o que é certo, verdadeiro, justo e bom. experimente viver o que surgir e permita que você mesmo avalie o que sentiu, se foi ‘bom’ ou ‘não’ depois. não permita que seja consumido pelas crenças que meios e as pessoas empurram a você.. tão simplistas e ordinárias, inconsistentes e refutáveis não se cobre por ler isto - deixe jogado em qualquer canto, leia de vez em quando, poucas palavras, talvez uma página por mês – pois é por aí a leitura, é aos poucos que ela acontece, pois é aos poucos que a gente acontece... e não tome o que esta escrito aqui como qualquer outro texto, pois ele não é um qualquer...

você está lendo um texto que alguém escreveu, uma pessoa dum ponto da terra. talvez o autor desse texto já esteja morto, ou não, quem sabe? e você? há quanto tempo você não lê com atenção, já parou para pensar nisso? sabe a experiência de vida de quem o escreveu? e a tua? há quanto tempo você não conversa com alguma pessoa que encontra em seu dia-a-dia – estou falando de conversar mesmo, não fofocar ou tagarelar? e quanto tempo para você mesmo?

por que não desburocratizar relações? descoisar pessoas? lembrar que a gente é gente e não computador, celular, roupa, carro ou textos decorados... temos história, valores e cultura – cada um de nós é uma estrela com sua particularidade indescritível e imensurável viver a vida, o riso, a faca, o amor por si mesmo, pela vida, pelo sol e por cada partícula de ar que se respira. sentir a dor que também é real e saber que a gente vale muito mais do que qualquer coisa que a gente tenha

os espaços em branco estão para serem apropriados: riscados, escritos, gritados, etc

2.11.07

tudo é possível

a escrita é criadora,
com ela se cria o que se quer escrever
e se cria o que se quer viver
cria, estabelece, destrói, re-estabelece
desfaz e re-faz a vida


tudo é muito mais do que se vê, e muito simples
as relações são assim mesmo:
um dia você está com uma pessoa,
outro dia está com outra..
e não vai ser o que você acha,
mas o que você sente;
o que vão corresponder um ao outro
e o que vai te fazer recordar...

as pessoas se unem
por configurações aproximadas de cada um,
tendências e momentos,
espaços, cores e sons..
o amor está aí no 'entre' as coisas,entre eu e você

você é sua maior culpa,
você se cria e se estabelece como voce é
a ca da se gun do
enquanto continua sendo o que se é;
até que um dia
resolva mudar algo

ou sinta diferente..

é simples,
está muito claro,
é só viver o que se sente;
mas para isso precisa
se sentir consigo mesmo
e rasgar todos os valores
de sentimentos prontos e alheios
que aprendemos com os outros:
todos os certos e errados,
todos os reprimidos e incentivados

desaprender para se ter de volta
à si mesmo
aquilo que lhe foi negado,
esquecido e negligenciado
por todos esses anos:
a sua existência,
seus sentimentos mais puros,
o seu amor, o seu ódio
e até o seu sentimento
de paz consigo mesmo
por ser o que se é
e agir como sente


há também que se caminhar
no sentido contrário
de tudo o que nos empurram
dia-a-dia goela abaixo,
e negar estes para se afirmar
o ser que é, o que sente e o que quer

partindo disso, se des-fazer
e se re-criar,
sabendo que tudo é possível

26.8.07

por uma música real

na busca de uma música real, sincera, que represente os aspectos subjetivos da história particular de cada indivíduo envolvido, bem como características do contexto onde estão envolvidos - família, descendentes, condição econômica, relações entre diferentes culturas, aspectos regionais, arroz com feijão, pular corda, queijo curado, pamonha, subir na árvore, comprar fiado, tomar pinga, tacar fogo, ...

a alienação acontece quando distanciamos de nós mesmos, sendo fruto dos processos dos outros meios sobre si mesmo, desconhecendo o que possui por não ser aquele que faz. sua vontade é a vontade dos outros, seu rosto é desfigurado, quando se olha no espelho não se reconhece quem é.

para uma música real, tem de ser inicialmente feita por um ser real, caminhar no sentido contrário a esta alienação. o posicionamento da vontade de cada um, de suas escolhas próprias, de seu projeto de vida, segue libertário contra a qualquer corrente de alienação e massificação.

o caminho é para a apropriação do ser, de se apropriar e se fazer como quiser, a luta contra a alienação começa consigo mesmo, pela libertação de ideais alheios que já estejam impregnados em si.

7.3.07

paisagens

cada paisagem configura-se num todo pseudo-particionado, completo e faltoso, subjetivo e inconsciente, orgânico e concreto. são meros símbolos as palavras que tento utilizar para descrevê-lo, imperfeitos ideais de coisa, o que não é se [se aproximar] nem se [distanciar], mas tal-vez associar.

descrever qualquer paisagem é um ato ingênuo, pois esta se vivencia, é uma experiência, não um conceito. os comentários são com intenção de intensificar vivências, não para se guardar conceitos e ficar parado como um sábio-tolo.

na arte, a paisagem pode ser associada às performances, onde se entrelaçam ações improvisadas; mixando poesias, músicas, danças, apresentações teatrais, pressupostos conceituais, ... o que a torna uma arte performática, uma arte de paisagens, cenas complexas, multifatores, rizomas e reações.

um de meus eus percebe o quanto tenho eus que são meus e eus que não são meus, quem sabe um equilíbrio fosse uma saída, porém não sei mais o quanto me vale essas saídas ideais, antes fossem saídas práticas, simples, bobas.

do que se lê, o primordial é que se aplique na vida. e não é somente o que se vivencia, é isto inicialmente, para depois ser mais e mais forte e tornar-se outro. por costume, não gosto de escrever muito. os que escrevem muito parecem, muitas vezes querer dizer verdades, e não é isso o que pretendo, mas sim escrever para mim, sobre relações e vivências, relações sobre idéias de relações, relações entre idéias de verdade, mutações entre experiências práticas. quando se escreve muito, se delimita idéias e vivências, cortes, tempos e vidas; ou se distancia por demais do que se pretende? parece ser como enxerga. o poder é subvertido quando não se exerce ou quando não se permite que seja exercido e nada mais para esse trecho. a estética que se costuma utilizar na escrita e no livro não é, pois, o que se parece com as revoluções tecnológicas e vivencias atuais. como muito mudou e muito permaneceu, o que permaneceu se mantêm distante. o pragmatismo da linguagem mantêm paradigmas que já não se correspondem com as vivências, que se realizam em paisagens e em movimentos, que não se decodificam da mesma maneira que a repetida.

regras sociais, valores, linguagens, amores e dores se estabilizam em pequenos grupos sociais: normas de seitas religiosas, de escolas, famílias, empresas, grupos de amigos. porém na sociedade elas se multiplicam, se interferem, se chocam, se alteram, se decompõem, se transmutam e, de repente, já não são quase nada do que antes eram.

não vem ao caso que o outro pense ou diga que estou louco para com o que escrevo, é minha particularidade enquanto pessoa, minha diferença que está em questão, não um ‘conceito’ a ser defendido. muitas vezes quando se diz algo à alguém a crítica se mantêm pois o outro é visto como ‘doutor de verdades’, como se esta fosse a função dos livros e da linguagem: enunciar verdades. alguns ‘não concordam com o que escreveu o autor de tal livro’, ou ‘não concordam com o que diz o colega’. o autor escreve para ele, o outro fala para si mesmo, eu para mim e você para você; cada um sua visão de mundo diferente, cada um sua paisagem, sua brisa.

perna cheia de picadas de insetos, pés sujos, acabei de lavá-los no tanque. o escritor não é o que pára em frente à folha, faz sua reflexão e escreve sua ‘idéia’ em palavras, mas escreve no intervalo do tempo, na fila do banco, na viagem de ônibus; é sujeito de outras vivências e escreve por outras circunstâncias. não há anunciador de nada, o importante para mim agora é que quero tomar um pouco de café. algo meu não se trata de uma verdade, mas de uma construção momentânea, uma brisa. não agir por pressuposto talvez seja uma das condições para a liberdade, para um caminho outro... não responder é, muitas vezes, mais libertário do que dizer algo... o simples fato de se cumprimentar alguém já exclui uma espécie de liberdade. uma linguagem diferente pressupõe e propõe uma vivência diferente, única e liberta de outros pressupostos anacrônicos, ideais e 'a prioris'.

a construção que se busca com isso é a construção do nada, que deriva de uma paisagem [outra] experimentada. a escrita propõe um segmento, as vivências des-segmentam-se os segmentados. a voz do silêncio e as meditações do budismo tibetano proporcionam a escuta do que não há. com uma tesoura pode-se cortar palavras que se interessa de um texto e personaliza-lo, desmonta-lo e remonta-lo da maneira que preferir. enquanto alguns eus ficam de fora, os que se mostram aparentam ser o todo.

a descrição das paisagens, não termina, pois sai do texto para além, da imagem e da sensação momentânea, voa nas potencialidades que cada um socar. onde há planta, há planta, onde não há, há planta em potencial. a paisagem está aí, a diferença brota do nada, e o que importa agora é brotar.

bruno, nobru e outros, 7 de março de 2007

5.7.06

alguns de meus eus

um escritor surreal, que só lê o que ele proprio escreve e nao lê uma letra sequer de qualquer outro, mais um dos meus eus incomodados, agitados e anti-sociais, um quebrador em essencia, um ser instavel e autentico com seu sentimento mentaneo; um musico que escuta pink floyd e syd barrett; um pintor que observa plantas e flores.

um dançarino que usa de seu corpo um instrumento, um meio de expulsar de si seus males internos, como que numa catarse de movimentos irregulares e instituais, ditos 'primitivos' pelos seres que se auto-intitulam superiores e 'humanos', esse bando de tolos que merecem meu aior desprezo, tal como meus professores universitarios. um escultor que talha a madeira simplesmente por talhar, advindo de um desejo sem especificaçoes, que simplesmente flui de suas visceras para a matéria, com a força do interior de sua subjetividade, e com isso cria materialmente visíveis pedaços de seu inconsciente imaterial infactual.


um colecionador de discos que os escuta atentamente e permite que a musica dance em seu crânio, de modo que seu sentimento flua por entre seu corpo inteiro e o som vibre explosivo como uma bomba por todos seus musculos.

e, todos esses meus eus se encontrando em consonancia com uma dança em ritmo tribal-minimalista, jorrando sangue por todos os lados, para que sintam os nervos; se unindo em celulas nervosas que explodem menstruação de sinapses para todos os lados, cospem vômitos e dentro de seus coraçoes; numa uniao completa e simbiotica, numa orgia tântrica, num orgasmo coletivo; adentrando cada qual em sua bruta porém bela natureza interior.

12.5.06

símio e sub-homem

do simio surgiu o sub-homem
e dele o neanderthal, que era europeu.

o titulo 'humanidade' é dado aos assassinos,
os que mataram o homem de neanderthal.
muitas outras espécies morreram,
e muitas hoje ainda morrem..
os que mais matam atualmente sao os murders.

[conheces um simio amigo?]

pouco depois vieram a raça cro-magnon e grimaldi,
que caçavam com lanças e pedras, e faziam tendas de pele.
estes migravam lentamente, tal como o bisonte e o cavalo,
que seguiam a rena para o norte e para o leste.

a escrita é feita de desenhos, a aurora se deu no paleolítico;
o pensamento primitivo era atraves de imagens;
a açao, de acordo com as emoçoes que surgiam,
possivelmente como uma criança antes de ser proibida.

[a especulação dos historiadores é primitiva]

o egoismo individual foi boicotado para que se consolidassem
as primeiras sociedades, de grupos familiares.
a ciencia de causa e efeito dos primórdios, tal como hoje,
muitas vezes remonta o efeito à causas aparentes.

não somente os fortes permaneceram,
mas também muitos fracos;
para que os primeiros deleitem sua vida
através do abuso destes.

a mídia publica o que é util aos que pagam a publicaçao,
assim eles enriquecem, utilizando cada pessoa
para a realização da felicidade deles,
da sua festa e de seu gozo.

e o jogo continua, dia-a-dia..

12.12.02

alheamento cultural e artistico

o povo está apegado a uma cultura que não lhe detem, não a compreende, não faz parte desta e esta não faz parte de si.

"Os meios ambientais sao invisiveis.
Suas regras basicas, sua estrutura penetrante e seus padroes
gerais sao inacessiveis a percepcao facil"
(Marshall McLuhan)

a cultura que o povo se apega é alheia ao contexto da qual se vive no momento e no local atual, é uma cultura e arte alienada que este apega pela falta de identidade que se apresenta.

a cultura do povo se fragmenta em restos da cultura mistos em cultura alheia, onde alguns desses tem ja relacao com nossa realidade atual, mas, muitos nao tem a minima relação e são recebidos de uma forma alheia, tao fantastica que acaba se adaptando atraves de um condicionamento, onde a rádio, tv e cinema impoem ao povo, mostrando que "é legal" ouvir tal musica, e "é legal" apreciar tal arte, e "é legal", principalmente, comprar isso, pois toda essa mudanca nos conceitos e a primazia da cultura alheia - sem sentido real - e sim com o sentido ilusorio que o radio, a tv e o cinema pregam, ocorrem principalmente por um sistema economico que inverte todos os conceitos e transforma tudo em produto e nós em consumidores, ao mesmo tempo em que somos produtos tambem..

isso tudo gira uma industria onde os mais fortes (que mais tem capital) investem e produzem em grandes quantidades para se vender em massa, colocam propaganda nas radios, tvs e cinemas, para alienar o povo para que consumam seus produtos "artisticos"...

todo esse processo faz com que o povo detenha de uma arte e uma cultura que nao a produz, a cultura atual que temos nao é nossa, é alheia, é de outros, esses outros que nem sabemos quem sao...
consomem esses produtos em massa, pensando que ficarao alegres, mas nunca estao alegres, sempre terao uma forma de ficarem mais alegres do que ja estao, pois, na realidade, nao estao alegres.. apenas tem
uma leve ilusao de estarem alegres..

(por exemplo: um beethoven nos dias de hoje é alheio, pois nao vivemos na europa no periodo do romantismo; uma musica eletroacustica tambem, pois nao temos o costume de musica com maquinas aqui nem o avanco tecnologico nao propoe isso aqui, como ha na europa, alem de isso ser restrito a um publico muito pequeno; musicas que tocam em radio tambem nao tem nenhuma ligacao)

é preciso um novo modelo de arte e cultura, que esteja numa posicao oposta a esta arte alheia que nos trazem.. e, com isto, proponho um projeto de criacao musical, que traga uma memoria historica-cultural-artistica do povo e permita que este reflita a respeito da relacao dele com toda essa arte alheia que é produzida em massa para producao e consumo..

(dezembro de 2002)

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