20.4.08

desexistir para ser

por vezes acho que sou meu, mas não sei
na real, acho mesmo que não tenho nada
me componho de configurações e fragmentos
das coisas que vivo

quando escolho e me decido
ainda não tenho a mim
me confundo
com as coisas, com as pessoas, com o passado,
com o futuro, as luzes e sonhos..

não sei se quero me ter
ou se quero me des-ter
acho que quando não tiver mais nada
é que poderei fazer tudo
noctívago
(Tiago Spina)

não terei mais de ser estudante, trabalhador
amigo ou professor
serei então o que for..
sem compromissos com ninguém
nem comigo mesmo
até que eu seja um bicho
pois animal foi como nascí
e o que sempre me foi negado e rejeitado
pelos espaços "humanos" que convivemos

que eu não seja mais bruno
e me torne a mim
um ser chamado
não-sou

______________
abril, 2008

interpretar

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