15.5.07

a noite


local onde se escondem
as criaturas solitárias
que preferem não ser vistas na claridade:
morcegos, corujas, prostitutas, drogados,
seres anti-sociais

que durante o dia são homens-sérios,
empresários, lojistas, advogados,
falsos hipócritas...
sumam da noite seus malditos
da noite suave que se perde,
a noite dos hiperbóreos

todos os seres sórdidos
sonhados e temidos,
andando na calada
distantes dos que odeiam e dos que são odiados,
caminham como felinos

me lembro daqueles colegas de escola
os bagunçeiros, os tímidos
odiados e queridos: diferentes,
particulares, sinceros, autênticos

dores na coluna,frio..
a noite gostosa, espaço diferente
o cheiro do esgoto se esconde na poluição do dia
o calor do esgoto
tornam-se evidentes sem o trânsito,
a noite de trabalhadores noturnos
- momento solitário -
onde o som de meus passos me acompanham

enquanto isso
alguns tomam a noite como casa,
quarto, sala, cozinha, banheiro..
e querem sua privacidade
ao menos - neste momento - respeitada

luzes ligadas,
as normas da cidade não param,
habitam no homem a noite toda
para que este deixe distanciado
o seu escuro, sincero e autêntico
eu:
de lado, calado e adormecido.

interpretar

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